Adultos que jogam RPG

Fiz 18 anos recentemente. Durante o Ensino Médio, descobri meu amor por RPG por ser a forma em que melhor me encontrei de expressar-me e dar forma a um mundo em que venho trabalhando. Completando 18, terminando o EM, comecei uma faculdade de Direito, uma área que realmente gosto, faculdade particular. Agora, constantemente, lido com falas maldosas de minha mãe sobre meu hobby... ela grita comigo e reclama, diz que é conhecimento inútil, que é perda de tempo e que, segundo ela, vai me atrapalhar. E o pior, ela joga na minha cara os custos que teve durante minha criação, como se enfatizasse que eu tenho uma espécie de dívida a pagar com ela...

Eu fico triste com isso. Ao chegar aos 18, esses tipos de conflitos se tornam mais frequentes... Meu problema não é nem dá uma pausa nos RPGs, mas eu prefiro fazer isso após eu mesmo tirar esta conclusão. Mestro apenas uma vez por semana, nos domingos, e consigo conciliar bem com minha vida de estudante. Acontece que minha mãe, desde a minha infância, projetou uma ideia do que seria o universitário perfeito com base em um filho de uma antiga amiga dela e isso me perturba há muito tempo – ele se tornou, praticamente, um monge. Ele abdicou de sua vida social e de quaisquer prazeres para passar em um curso que, a época, era considerado impossível para alguém da origem dele. Sempre considerei ele um exemplo legal de superação, mas o nome dele me assombra dentro de casa, porque há uma espécie de comparação. E, sinceramente, não pretendo abdicar de minha vida e de meus prazeres e lazeres tão cedo. Estou tranquilo quanto à faculdade, é um curso que eu gosto, eu não faço apenas por necessidade,.mas porque gosto mesmo, e o RPG é uma fonte de lazer minha muito importante para mim, e uma das únicas coisas que me divertem de verdade, sem falar que me salvou em um momento complicado. Mas, com cada vez mais frequência, a ideia de que "é coisa de criança" e "informação inútil" é jogada na minha cara...

Embora eu tenha 18, ainda moro com ela, e é um lugar relativamente estável. Mas, significa também que ela representa uma autoridade dentro de casa e já chegou até a ameaçar me proibir – o que, sinceramente, ignorei. Decidi que ela não tem poder sobre todos os aspectos de minha vida. Um exemplo, é que, desde a infância, ela colocava na minha cabeça que eu não me relacionaria com ninguém até que tivesse um diploma debaixo do braço.

Enfim, foi mal pelo desabafo... Mas queria saber: adultos que curtem RPG, ou jovens que estão entrando na vida adulta e curtem este hobby, já passaram por coisa semelhante? Como lidaram? Têm palavras de conforto para me oferecer?

Às vezes penso... a Fantasia é algo exclusivo das "crianças"? Eu devia parar de curtir temas geek, mesmo que não me atrapalhem?